Quantcast
Channel: :: Spoiler :: » SPOILERS
Viewing all articles
Browse latest Browse all 112

Love Is Strange

$
0
0

Em cena, o despertar de dois amantes, George (Alfred Molina) e Ben (John Lithgow) e seus apressados preparativos de casamento, porque juntos há quase quarenta anos e dado a legalização desse estado civil em Nova York, em 2011, eles naturalmente querem celebrar essa união. E o fazem em um episódio emocionante, casual e chique, cheio de bom humor e música, porque afinal são artistas e “bon vivants”. Ele é professor de musica, o outro é pintor. E “felizes para sempre”, tudo ocorre até um grave infortúnio, sem aviso prévio, senão o fato de tal harmonia violar os princípios da Igreja. E eis a longa descida ao inferno, sem dinheiro, apenas o asilo de amigos e familiares, o carinho, a compreensão, às vezes a indignação.

E esse é o charme de LOVE IS STRANGE: A palpável química entre Molina e Lithgow, sempre elegantes e cultos, de repente às margens do precipício, vivendo de favor em favor uma desventura, sim, adorável, mas comovente, ora no cômico, ora no melancólico, que Ira Sachs apenas filma, sem clichês, sem denuncia, mas uma iguaria, cuja bondade se resvala nos personagens.

Segue-se o filme, segue-se a vida. Um tom amargo e um sorriso no rosto. Estranho esse amor? Talvez esquisito e… surpreendentemente simples. Tão simples que o sentimento ilumina esse cinema com tal força e evidência, que remete imediatamente ao filme anterior do cineasta -DEIXE A LUZ ACESSA – no mesmo exercício naturalista, doloroso e magistral de amores e desamores que poderia muito bem ser visto como a reversão natural de WEEKEND.

Mas aqui o tempo é um pouco mais generoso, as pétalas desabrocham, os espinhos desaparecem. Tudo em prol dessa naturalidade esmagadora de seus protagonistas, dessa incontestável capacidade de transbordar um relacionamento com tal espontaneidade, vista em tantas outras histórias de amor genuínas e com tais atores, que o resultado simplesmente nos rouba o coração com algo tão bonito e doce.

Um filme que nos conta sobre a devoção, mas – ao contrário de DEIXE A LUZ ACESSA – um olhar que flerta com a comédia romântica sentindo-se um pouco mais engraçado, sensível, íntimo e, acima de tudo, extremamente requintado (maduro?). É algo que estamos tão pouco acostumados de ver nas telas que até é estranho. E é o que nos revela o próprio diretor: Sim, “O amor é estranho”.

Spoiler Rating: 74


Viewing all articles
Browse latest Browse all 112

Latest Images

Trending Articles





Latest Images